sábado, 20 de novembro de 2010

Solenidade de Cristo Rei

“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos.” (Ap 5,12.1,6)


A Solenidade de Cristo Rei do Universo finaliza o ano litúrgico como síntese dos mistérios de Cristo comemorados no curso do ano; como o vértice em que resplandece com mais intensa luz a figura do Senhor e Salvador de todas as coisas.

A festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI para lutar contra o laicismo, ideologia segundo a qual a fé cristã não deveria influenciar nas decisões políticas. A Bíblia não é um manual de política, mas nela encontramos a Palavra de Deus que deveria reinar no coração dos políticos e dos eleitores. Se permitirmos que ele reine em nossos corações, Jesus nos receberá um dia, como ao Bom Ladrão, no seu reinado celeste.

Nas leituras da solenidade se fala sobre a majestade e o poder régio de Cristo.

Na primeira leitura (2 Samuel 5,1-3) vemos a promessa que Deus fez a Davi: "E o Senhor Deus lhe disse que você seria comandante e governador do povo dele."

Temos na segunda leitura, Segunda leitura (Colossenses 1,12-20) percebemos a infinita bondade de Deus, que nos torna co-herdeiros do Seu Reino pela cruz de Cristo, nosso Senhor e Rei.
Ele nos libertou do poder da escuridão e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado. É ele quem nos liberta, e é por meio dele que os nossos pecados são perdoados. Ele, o primeiro Filho, é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas. Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dele e para ele, Deus criou todo o Universo. 
Impressionante é que, no Evangelho de Lucas (23,35-43), assim como também em João, o tema da realeza de Cristo está constantemente ligado ao da Paixão. E que, na realidade, é a Cruz o trono régio de Cristo.
Na cruz, acima da sua cabeça, estavam escritas as seguintes palavras: "Este é o Rei dos Judeus". Um dos criminosos que estavam crucificados ali insultava Jesus, dizendo: - Você não é o Messias? Então salve a você mesmo e a nós também! Porém o outro o repreendeu, dizendo: - Você não teme a Deus? Você está debaixo da mesma condenação que ele recebeu. A nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das  coisas que fizemos; mas ele não fez nada de mau. Então disse: - Jesus, lembre de mim quando o senhor vier como Rei! Jesus respondeu: - Eu afirmo a você que isto é verdade: hoje você estará comigo no paraíso.
O reinado de Cristo é espiritual. Ele rejeitou toda a glória na Terra, deixando claro que Seu reino não era daqui... Da Cruz Jesus abre os braços para apertar a si todos os homens. Da Cruz Ele governa com seu amor! E para que reine sobre nós, temos de nos deixar atrair e vencer pelo Seu amor.

Jesus Cristo Rei do Universo
"Ó Jesus meu, quem pudera dar a entender a majestade com que vos mostrais e quão Senhor de todo este mundo, dos céus e de outros mil mundos e de inumeráveis mundos e céus que poderíeis criar! Claramente se vê, Jesus meu, o pouco poder de todos os demônios em comparação do vosso, Na verdade, quem vos tiver contentado plenamente pode calcar aos pés o inferno todo, Sim, quereis dar a entender quão grande é o poder de vossa sacratíssima Humanidade unida à divindade, Aqui se representa bem o que será no dia do juízo ver a majestade deste Rei e o rigor que mostrará aos maus. Aqui é a verdadeira humildade incutida na alma pela vista de sua miséria que não pode ignorar; aqui, a confusão e o verdadeiro arrependimento dos pecados, Vendo a alma que apesar de tantas infidelidades continuais a dar-lhe tantas mostras de amor, não sabe o que fazer, e assim fica aniquilada." (Sta. Teresa de Jesus - Vida 28, 8-9).

Sempre gosto das palavras de Dom Henrique, e sobre a Solenidade de hoje, para terminar o post, replico parte de sua reflexão:

(1) Ele é Rei não porque se distancia de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do homem”, solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e limitações; ele caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos dos nossos medos. Ele morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele reina pela solidariedade.

(2) Ele é Rei porque nos serviu: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo amor.

(3) Ele é Rei porque tudo foi criado pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade, ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. A televisão, os modismos, os sabichões de plantão podem dizer o que quiserem, ensinarem a verdade que lhes forem conveniente... mas, ao final, somente o que passar pelo teste de cruz do Senhor resistirá. O resto, é resto: não passa de palha. Ele reina pela verdade.

(4) Ele é Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”. Ele reina pela vida.

Sim, Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo!” Mas seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo dos reinos humanos – de direita ou de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele que entrou em Jerusalém como Rei, veio num burrico, símbolo de mansidão e serviço. Como coroa teve os espinhos; como cetro, uma cana; como manto, um farrapo escarlate; como trono, a cruz. Se quisermos compreender a realeza de Cristo, é necessário não esquecer isso! A marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a cruz!
(...)
Eis a grande lição da Festa deste hoje: o tempo, a história, o cosmo... tudo corre para Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Primeiro e o Último! É nele, no critério da sua cruz, que tudo será avaliado, tudo será julgado! Ao Reinado de Cristo, um Dia – no seu Dia - tudo estará plenamente submetido! Mas, nunca esqueçamos: aquele que é nosso Rei e Juiz é o nosso Salvador, o humilde Filho do Homem, que se manifestará revestido de glória porque morreu por nós: “Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Soberano dos reis da terra”. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Orações

Deus eterno e todo-poderoso, dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo, Fazei com que todas as criaturas, libertas da escravidão do pecado, e servindo à vossa Majestade, vos glorifiquem eternamente.

Sois Rei, Deus meu, por toda a eternidade; não é emprestado o Reino que tendes, Quando se diz no Credo: "Vosso Reino não terá fim", experimento, quase sempre, particular alegria, Dou-vos mil louvores, Senhor, e bendigo-vos para sempre; enfim, vosso Reino durará eternamente (Oração da Coleta - Caminho 22,1).


(...) Senhor, sede o Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei que eles tornem, quanto antes, à casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome.
Sede o Rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.
Sede o Rei de todos aqueles que estão sepultados nas trevas da idolatria e do islamismo, e não recuseis conduzi-los todos à luz e ao Reino de Deus... (S.S. Pio XI - Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus,  11 de dezembro de 1925)


 
Fontes:

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