terça-feira, 30 de novembro de 2010

Apóstolo Santo André - 30 de Novembro

Santo André (séc I)
Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois", depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram pescadores no mar da Galiléia. 

"Vinde comigo, e pescadores de homens vos farei." (Mt 4)
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". André, então, começou a segui-lo. 

A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando: "Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes. 

Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus. 

André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascenção e recebeu o primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com exatidão. 

Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última, formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras, na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá, também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e juiz romano local. 

Martírio de Santo André, 60 d.C.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a grandeza da cruz, onde morreu Jesus"

Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a cristandade guarda para sua festa. 

O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla, as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e Escócia.

Oração
Nós vos suplicamos, ó Deus onipotente, que o apóstolo Santo André, pregador do Evangelho e pastor da vossa Igreja, não cesse no céu de interceder por nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


Fonte: Paulinas

domingo, 28 de novembro de 2010

Tempo do Advento - Início do Ano Litúrgico A


"Senhor, mostra teu poder e vem!"

Ad Te levavi animam meam; Deus meus, in Te confido, non erubescam: neque irrideant me inimici mei: etenim universi, qui Te exspectant, non confundentur


Com o Advento começa o ano eclesiástico nas Igrejas ocidentais. Durante este tempo, os fiéis são exortados a se prepararam dignamente para celebrar o aniversário da vinda do Senhor ao mundo como a encarnação do Deus de amor, de maneira que suas almas sejam moradas adequadas ao Redentor que vem através da Sagrada Comunhão e da graça, e em conseqüência estejam preparadas para sua vinda final como Juiz, na morte e no fim do mundo.



História do Advento

Não é fácil precisar a história e o primitivo significado do Advento; além disso,as noticias sobre suas verdadeiras origens são parcas. É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico; um Advento que é preparação para o Natal e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo (Advento escatológico). No Oriente, permaneceu quase ignorado um período de preparação ao Natal.

Portanto, o Advento é próprio do Ocidente. São descartadas totalmente as teorias que atribuem o Advento a São Pedro e sua existência aos tempos de Tertuliano e São Cipriano. O testemunho mais antigo encontra-se em uma passagem de Santo Hilário (por volta de 366), que diz: "Sancta Mater Ecclesia Salvatoris adventus annuo recursu per trium septimanarum sacretum spatium sivi indicavit" (CSEL,65,16) "A Santa Mãe Igreja oferece um espaço sagrado de três semanas por ano para a vinda do Salvador".

O duplo caráter do Advento, que celebra a espera do Salvador na glória e a sua vinda na carne, emerge das leituras bíblicas festivas. O primeiro domingo orienta para parusia final, o segundo e o terceiro chamam a atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a natividade de Cristo ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história. Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação entre si.


Espiritualidade do Advento


Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza.

a) A expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo toda a sua fidelidade ao homem: "Todas as promessas de Deus encontram nele seu sim" ( 2 Cor 1,20). A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo.

Os nossos primeiros irmãos na fé, como atesta a Didaqué, imploravam: "Que o Senhor venha e passe afigura deste mundo. Maranatha. Amém". Assim termina o livro do Apocalipse e toda a escritura:"Aquele que atesta essas coisas diz: Sim! venho muito em breve. Amém! Vem Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos. Amém" (Ap 22,20).

A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia do Advento não só relembra, mas quer que seja vivida.O Batista, diante de Cristo presente em Maria, salta de alegria no seio da mãe.O nascimento de Jesus é uma festa alegre para os anjos e para os homens que ele vem salvar (cf. Lc 1,44.46-47; 2,10.13-14).

b) No Advento, toda a Igreja vive a sua grande esperança. O Deus da revelação tem um nome: "Deus da esperança" (Rm 15,13).

Não é o único nome do Deus vivo, mas é um nome que o identifica como "Deus para conosco". O Advento é o tempo da grande educação à esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da provação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que confia no Senhor e liberta das impaciências subjetivistas e do frenesi do futuro programado pelo homem.

Na convocação ao testemunho da esperança, a Igreja, no Advento, é confortada pela figura de Maria, a mãe de Jesus. Ela que "no céu, glorificada em corpo e alma, é a imagem e a primícia da Igreja... brilha também na terra como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deusa caminho, até que chegue dia do Senhor" (cf. 2 Pd 3,10).

c) Advento é tempo de Conversão. Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo coração, na expectativa da sua volta. A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão e, portanto, desapego dos prazeres e bens terrenos. O cristão, convertido a Deus, é filho da luz e, por isso, permanecerá acordado e resistirá às trevas, símbolo do mal, pois do contrário corre o risco de ser surpreendido pela parusia. 

Esse comportamento de vigilante espera na alegria e na esperança exige sobriedade, isto é, renúncia aos excessos e a tudo aquilo que possa desviar-nos da espera do Senhor. A pregação do Batista, que ressoa no texto do evangelho do segundo domingo do Advento, é apelo para a conversão, a fim de preparar os caminhos do Senhor.

O espírito de conversão, próprio do Advento, possui tonalidades diferentes daquelas relembradas na Quaresma. A substância é essencialmente a mesma, mas, enquanto a Quaresma é marcada pela austeridade da reparação do pecado, o Advento é marcado pela alegria da vinda do Senhor.



d) Enfim, um comportamento que caracteriza a espiritualidade do Advento é o do pobre. Não tanto o pobre em sentido econômico, mas o pobre entendido em sentido bíblico: aquele que confia em Deus e apóia-se totalmente nele. Estes anawîm, como os chama a Bíblia, São os mansos e humildes, porque as suas disposições fundamentais são a humildade, o temor de Deus, a fé.


Eles são objeto do amor benévolo de Deus e constituem as primícias do "povo humilde" (cf. Sf 3,12) e da "Igreja dos pobres" que o Messias reunirá. Jesus proclamará felizes os pobres e neles reconhecerá os herdeiros privilegiados do Reino, ele mesmo será pobre. Belém, Nazaré, mas sobretudo a cruz, são diversas formas com que Cristo manifestava-se como autêntico "pobre do Senhor". Maria emerge como modelo dos pobres do Senhor, que esperam as promessas de Deus, confiam n'Ele e estão disponíveis, com plena docilidade, à atuação do plano de Deus.


Fonte:
Catequisar

Nossa Senhora das Graças (ou da Medalha Milagrosa)

Óh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!
Nossa Senhora das Graças - 27 de Novembro
Foi no dia 27 de novembro de 1830 que Nossa Senhora apareceu, em Paris, para a noviça Catarina Labouré, e lhe ensinou a devoção da Medalha Milagrosa. 


APARIÇÃO EM JULHO DE 1830


A Irmã Catarina foi acordada às 23h 30min, por uma criança resplendente de luz, desce com ela à Capela, toda iluminada como se fora noite de Natal. Aí espera por Maria que chega de repente.


Após prostrar-se diante do Tabernáculo, a Virgem senta-se na cadeira do Padre Diretor. Catarina ajoelha-se então junto dela, coloca as mãos sobre seus joelhos, olha-a, escuta-a. Conversam durante quase duas horas... A Virgem retira-se, como veio. E Catarina é de novo, acompanhada pela criança ao dormitório. Ela se deita e... não consegue dormir...


Neste colóquio, a Virgem anuncia à Irmã Catarina uma missão a ser por ela assumida.




A GRANDE APARIÇÃO DA MEDALHA MILAGROSA


Na Capela da Casa Mãe, à rue du Bac, às 17h 30min do dia 27 de novembro, às Irmãs do Seminário começam a sua oração, no mais profundo silêncio...Catarina está no meio delas. De repente, escuta, à sua direita, como o frufru de um vestido de seda de alguém que caminha. Levanta a cabeça e vê diante de si, acima da imagem de São José, a Santíssima Virgem. Ela a contempla com toda a sua alma!

Capela das aparições, na rue du Bac, em Paris
A Virgem, de estatura mediana, está de pé; veste-se de branco aurora. O véu branco que lhe cobre a cabeça, desce, de cada lado, até os pés, deixando-lhe o rosto bem descoberto. Os pés apoiam-se numa metade de globo e pisam uma serpente. Segura, à altura do peito, um globo de ouro encimado por uma cruzinha. Seu rosto é todo beleza... e os olhos estão voltados para o Céu.


Inesperadamente, em seus dedos, surgem anéis com pedras preciosas que emitem raios mais brilhantes uns que os outros e se vão alargando, à medida em que descem. O globo que trazia nas mãos, desaparece... Então a Santíssima Virgem muda de atitude. Abaixa os olhos para a terra, para seus filhos e, com bondade, vai presenteá-los com uma Medalha, com a sua Medalha. Maria deslumbrante de beleza e de luz estende os braços para o globo em que pisa.


Neste momento de comunicação íntima entre a Virgem e Catarina, um quadro oval se forma lentamente ao redor da Imaculada e em letras de ouro aparecem as palavras: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".


No coração da vidente, faz-se ouvir esta voz:
"Mandai, cunhar uma Medalha conforme este modelo. Todas as pessoas que a trouxerem ao pescoço, com confiança, e rezarem com piedade esta oração, gozarão de proteção toda especial da Mãe de Deus e receberão graças abundantes."
Em seguida, o quadro se vira e Catarina vê, maravilhada, o reverso da Medalha. A letra "M" encimada por uma cruz, tem na base uma barra. Abaixo do M, os Corações Santíssimos de Jesus de Maria. O 1º coroado de espinhos e o 2º transpassado por uma espada. Ao redor, doze estrelas.


Uma voz interior diz a Catarina: "O M e os corações dizem o bastante".




A MISSÃO DE CATARINA


A bela Missão de Catarina consistiu, principalmente, em mandar cunhar a Medalha, em fazer com que fosse conhecida e usada. Por este meio, seria criado um belo movimento mariano na Igreja que se prepararia para a Proclamação do Dogma da Imaculada Conceição. Maria também lhe pedira que fosse fundada uma Associação de jovens que se chamariam Filhas de Maria. (começaram a existir em 1838).


Na humildade, por intermédio do Padre Aladel, Padre da Missão, que é seu diretor espiritual, a Mensageira da Medalha Milagrosa realiza os planos de Deus e da Santíssima Virgem... 


Durante 46 anos de uma vida toda interior e escrupulosamente recolhida, Santa Catarina permaneceu fiel a seu anonimato. Miraculoso silêncio! Seis meses antes de seu fim, impossibilitada de ver seu confessor, recebeu do Céu a autorização - quiçá a exigência - de revelar à sua Superiora quem era a freira honrada pela Santíssima Virgem por um ato de confiança sem igual.


Diante da idosa e já claudicante irmã, em relação à qual havia sido por vezes severa, a Superiora se ajoelhou e se humilhou. Tanta simplicidade na grandeza confundia sua soberba. 


Santa Catarina faleceu docemente em 31 de dezembro de 1876, sendo enterrada três dias depois numa sepultura cavada na capela da rue du Bac. Passadas quase seis décadas, em 21 de março de 1933, seu corpo exumado apareceu incorrupto à vista dos assistentes. Um médico ergueu as pálpebras da santa e recuou, reprimindo a custo um grito de espanto: os magníficos olhos azuis que contemplaram a Santíssima Virgem pareciam ainda, após 56 anos de túmulo, palpitantes de vida.


A Igreja elevou Santa Catarina Labouré à honra dos altares em 27 de julho de 1947. Aos tesouros de graças e misericórdias espargidos pela Medalha Milagrosa em todo o mundo, iam se acrescentar doravante as benevolências e favores obtidos pela intercessão daquela que vivera na sombra, escondida com Jesus e Maria.


Corpo incorrupto de Santa Catarina Labouré
Hoje, qualquer fiel pode venerar o corpo incorrupto da santa, exposto na Casa das Filhas da Caridade, em Paris. Antigamente ali, nas horas de oração e recolhimento, o balouçar das alvas coifas das religiosas ajoelhadas em fileiras diante do altar, lembrava um disciplinado vôo de pombos brancos...




Simbologia da Medalha Milagrosa


A serpente: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio, já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar".


Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o "novo Adão", juntamente com Maria, a co-redentora, a "nova Eva". É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.


Os raios: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus. 
"Eles [os raios] são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas se esquecem de pedir.”
As 12 estrelas: Simbolizam as 12 tribos de Israel. Maria Santíssima também é saudada como "Estrela do Mar" na oração Ave, Stella Maris. 


O coração cercado de espinhos: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor.


O coração transpassado por uma espada: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.


O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.


O travessão e a Cruz: Simbolizam o calvário. Para a doutrina católica, a Santa Missa é a repetição do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltam a importância do Sacrifício Eucarístico na vida do cristão.




Nossa Senhora da Medalha Milagrosa,
Rogai por nós!




Fonte: Santíssima Virgem Maria

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Santa Catarina de Alexandria - 25 de Novembro


A vida e o martírio de Catarina de Alexandria estão de tal modo mesclados às tradições cristãs que ainda hoje fica difícil separar os acontecimentos reais do imaginário de seus devotos, espalhados pelo mundo todo. Muito venerada, o seu nome tornou-se uma escolha comum no batismo, e em sua honra muitas igrejas, capelas e localidades são dedicadas, no Oriente e no Ocidente. O Brasil homenageou-a com o estado de Santa Catarina, cuja população a festeja como sua celestial padroeira.

Alguns textos escritos entre os séculos VI e X , que se reportam aos acontecimentos do ano 305, tornaram pública a empolgante figura feminina de Catarina. Descrita como uma jovem de dezoito anos, cristã, de rara beleza, era filha do rei Costus, de Alexandria, onde vivia no Egito. Muito culta, dispunha de vastos conhecimentos teológicos e humanísticos. Com desenvoltura, modéstia e didática, discutia filosofia, política e religião com os grandes mestres, o que não era nada comum a uma mulher e jovem naquela época. E fazia isso em público, por isso era respeitada pelos súditos da Corte que seria sua por direito.

Entretanto esses eram tempos duros do imperador romano Maximino, terrível perseguidor e exterminador de cristãos. Segundo os relatos, a história do martírio da bela cristã teve início com a sua recusa ao trono de imperatriz. Maximino apaixonou-se por ela, e precisava tirá-la da liderança que exercia na expansão do cristianismo. Tentou, oferecendo-lhe poder e riqueza materiais. Estava disposto a divorciar-se para casar-se com ela, contanto que passasse a adorar os deuses egípcios.

Catarina recusou enfaticamente, ao mesmo tempo que tentou convertê-lo, desmistificando os deuses pagãos. Sem conseguir discutir com a moça, o imperador chamou os sábios do reino para auxiliá-lo. Eles tentaram defender suas seitas com saídas teóricas e filosóficas, mas acabaram convertidos por Catarina. Irado, Maximino condenou todos ao suplício e à morte. Exceto ela, para quem tinha preparado algo especial.


Santa Catarina
Mandou torturá-la com rodas equipadas com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Com os olhos elevados ao Senhor, rezou e fez o sinal da cruz. Então, ocorreu o prodígio: o aparelho desmontou. O imperador, transtornado, levou-a para fora da cidade e comandou pessoalmente a sua tortura, depois mandou decapitá-la. Ela morreu, mas outro milagre aconteceu. O corpo da mártir foi levado por anjos para o alto do monte Sinai. Isso aconteceu em 25 de novembro de 305.

Contam-se aos milhares as graças e os milagres acontecidos naquele local por intercessão de santa Catarina de Alexandria. Passados três séculos, Justiniano, imperador de Bizâncio, mandou construir o Mosteiro de Santa Catarina e a igreja onde estaria sua sepultura no monte Sinai. Mas somente no século VIII conseguiram localizar o seu túmulo, difundindo ainda mais o culto entre os fiéis do Oriente e do Ocidente, que a celebram no dia de sua morte.

Ela é padroeira da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, dos estudantes, dos filósofos e dos moleiros - donos e trabalhadores de moinho. Santa Catarina de Alexandria integra a relação dos quatorze santos auxiliares da cristandade.


Fonte: Paulinas

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Santa Cecília, Virgem e Mártir (séc. III ou IV)

“O culto de Santa Cecília, em honra da qual no século V foi construída em Roma uma basílica, difundiu-se por causa de sua Paixão (descrição de seu martírio). Nela, Santa Cecília é exaltada como o modelo mais perfeito de mulher cristã, que por amor a Cristo professou a virgindade e sofreu o martírio.” (Liturgia das Horas da Igreja)

Santa Cecília e o Anjo
Santa Cecília pertencia a antiga nobreza romana. Sua família era rica e influente. Estudiosa, adorava estudar música, principalmente a sacra, filosofia e o Evangelho. Desde a infância era muito religiosa e, por decisão própria, afastou-se dos prazeres da vida da Corte para ser esposa de Cristo, consagrando-se a Deus pelo voto secreto de virgindade. Seu amor a Jesus Sacramentado era tão grande que, quando O recebeu pela primeira vez das mãos do Papa Urbano I, na Catacumba de São Calixto, renovou a consagração de sua pureza e virgindade a seu Divino Esposo. Algum tempo depois, oficializou seu voto nas mãos do Pontífice, que relutou em aceitar tal oferecimento, por pertencer a jovem donzela a família tão importante e ser filha única.

Seus pais acertaram seu casamento com Valeriano, um nobre romano. De acordo com os costumes da época, não era necessário o consentimento da noiva para o casamento, e assim o pai de Cecília a casou sem tê-la consultado. Ao receber a notícia, Cecília rezou pedindo proteção do seu anjo da guarda, de Maria e de Deus, para não romper com o voto.

Com a morte de seus pais, Cecília se refugiava na solidão de seu coração e cantava a Deus seu amor. Além de usar um apertado cilício que lhe castigava o corpo, carregava sobre o peito os Santos Evangelhos, para proteger-se dos ataques do demônio, do mundo e da carne.

Ela enfrentou os duros tempos de perseguição aos cristãos, sempre tocando sua harpa ou cítara para acompanhar suas melodiosas canções. Era este seu modo de expressar aquele amor de Deus que abrasava sua alma pura e virginal.

Valeriano vê o Anjo
Após o casamento, Cecília declarou a Valeriano sua condição de cristã e de virgem consagrada à Deus, dizendo-lhe que um anjo velava noite e dia por ela. Valeriano ficou comovido com a sinceridade da esposa, mas só acreditaria e defenderia sua virgindade se visse o anjo. Ela o aconselhou visitar o Papa Urbano que, em decorrência da perseguição aos cristãos, estava refugiado nas catacumbas. Acompanhado de seus irmão Tibúrcio, os dois ouviram a longa pregação e, ao final, converteram-se e foram batizados. Valeriano cumpriu a promessa. Um dia, ao chegar em casa, viu Cecília rezando e ao seu lado estava o Anjo da Guarda.

A fé cristã de Cecília e a conversão de seu marido e de seu cunhado foi denunciada às autoridades romanas. Valeriano e Tibúrcio foram presos quando ajudavam a sepultar os corpos dos mártires nas catacumbas. O prefeito de Roma falou com Cecília em consideração às famílias ilustres a que pertenciam, e exigiu que abandonassem a religião sob pena de morte. Julgados, recusaram-se a renegar a fé. Primeiro os dois foram decapitados. Santa Cecília recolheu os corpos do esposo e do cunhado e sepultou-os na sua propriedade, na via Ápia. Isto lhe valeu o martírio. Ela foi colocada no próprio balneário de seu palacete para morrer asfixiada pelos vapores. Mas ela saiu ilesa. Então foi levada para também ser decapitada. O carrasco a golpeou três vezes, mas sua cabeça permaneceu ligada ao corpo. Mortalmente ferida, ficou no chão três dias durante os quais animou os cristãos que foram vê-la a não renegarem a fé. Os soldados pagãos que presenciaram tudo se converteram. Os três, Cecília, Valeriano e Tibúrcio sofreram o glorioso martírio por amor a Jesus Cristo!

Martírio de Santa Cecília
O seu corpo foi enterrado nas catacumbas romanas. Mais tarde, devido às sucessivas invasões ocorridas em Roma, as relíquias de vários mártires sepultadas lá foram trasladadas para inúmeras Igrejas. As suas, entretanto, permaneceram perdidas naquelas ruínas por muitos séculos. Mas no terreno do seu antigo palácio foi construída a Igreja de Santa Cecília, onde já no século VI era celebrada a sua memória no dia 22 de novembro. A devoção à sua santidade avançou pelos séculos, sempre acompanhada de incontáveis milagres.

Entre os anos 817 e 824, o papa Pascoal I teve uma visão de Santa Cecília e o seu caixão foi encontrado e aberto. Constatou-se que seu corpo permanecera intacto. Depois, foi colocado numa urna de mármore sob o altar da Igreja dedicada a ela. Outros séculos se passaram e, em 1559, o cardeal Sfondrati ordenou nova abertura do esquife e viu que o corpo permanecia da mesma forma.
Corpo incorrupto de Santa Cecília sob o altar
Santa Cecília é uma das mais veneradas pelos fiéis cristãos do Ocidente e do Oriente. Dentre as santas é a que maior número de basílicas teve em Roma. A nenhuma outra santa a cristandade consagrou tantas igrejas quanto a ela.

Padroeira dos Músicos
O nome de Santa Cecília é citado no cânon da liturgia desde o século XV, e ela é celebrada como padroeira da música e do canto sacro.
Ela é invocada assim porque, de acordo com antiga tradição, ela cantou para Valeriano a beleza da castidade, e o fez de modo tão eficaz que ele se determinou a respeitar o voto que ela fizera.

Santa Cecília tem a glória de se ter assemelhado a Maria Santíssima num ponto: ambas foram casadas e permaneceram virgens.


Santa Teresinha do Menino Jesus, também virgem, soube bem compreender Santa Cecília, deixando as seguintes palavras:
"Santa Cecília se assemelha à Esposa dos Cantares; sua vida foi apenas um canto melodioso, mesmo em meio das maiores provações, e isso se compreende, porque o Evangelho descansava sobre seu peito, e dentro de seu coração repousava o Esposo das Virgens, o amante por excelência."

Santa Cecília, virgem e mártir,
Rogai por nós!


Fontes:
Ecclesia
Fatima
Santos Segundo João Cladias

15 Minutos de Adoração

(Baseado em textos de Santo Antonio Maria Claret)


Muitas vezes nos colocamos diante de Jesus Eucarístico e, envolvidos com nossos problemas e tribulações, não aproveitamos esses momentos preciosos diante de Deus Vivo. Pe. Antonio Maria Claret (1807-1870), fundador dos claretianos, desenvolveu textos que nos levam a uma profunda intimidade com Deus na oração.

Deve-se fazer a oração diante do Santíssimo, por um período de 15 minutos, se possível diariamente.


Jesus, presença real no Santíssimo Sacramento

Inicie sempre sua adoração procurando ouvir a voz de Jesus dizendo-lhe:

"Não é preciso, meu filho, saber muito para me agradar; basta amar-me fervorosamente. Fala-me, pois, de uma maneira simples, assim como falarias com o mais íntimo dos amigos...

Tem algum pedido em favor de alguém?

Diga-Me o seu nome e fala-Me o que deseja que Eu lhe faça. Pede muito. Não receies em pedir! Conversa Comigo, simples e francamente, sobre os pobres que gostaria de consolar, sobre os doentes que vê sofrer, sobre os desencaminhados que tanto deseja ver novamente no cmainho certo... Diz-Me a favor deles ao menos uma palavra.

E você, não precisa de alguma graça?

Diz-Me abertamente que te recoohece orgulhoso, egoísta, inconstante, negligente... e pede-me, então, que Eu venha em teu auxílio nos poucos ou muitos esforços que faz para te livrar dessas faltas. Não te envergonhe! Há muitos justos, muitos santos no céu, que tinham exatamente os mesmos defeitos. Mas pediram com humildade, e... pouco a pouco se viram livres deles. Tampouco deixes de me pedir saúde, bem como bons resultados nos teus trabalhos, nos teus negócios ou estudos. Posso dar-te e realmente te darei tudo isso, contanto que não se oponha à tua santificação, mas antes a favoreça. Mas quero que o peça. O que é que necessita precisamente hoje? Que posso fazer por ti? Ah!, se soubesse quanto Eu desejo ajudar-te!

Anda preocupado com algum projeto?

Conta-Me. O que é que te ocupa? Que pensa? Que deseja? Que posso Eu fazer por teu irmão, por tua irmã, pelos teus amigos, pela tua fam´lia, pelos teus superiores? Que gostaria você de lhes fazer? E no que se refere a Mim, não sente o desejo de Me ver glorificado? E nao quer fazer um favor aos amigos que ama, mas que talvez vivam sem jamais pensar em Mim? Diz-Me, em que se detém hoje, de maneira especial, a tua atenção? Que deseja mais vivamente? Quais os meios que tem para o alcançar? Conta-Me se não consegue fazer o que deseja e Eu te indicarei as causas do insucesso. Não gostaria de conquistar os Meus favores?

Por acaso está triste ou mal-humorado?
Conta-Me com todos os pormenores o que te entristece. Quem te feriu? Quem ofendeu o teu amor próxmo?

Quem te desprezou? Conta-me tudo. Então, em breve, chegará ao ponto de me dizer que, imitando-Me, quer perdoar tudo e de tudo te esquecer. Como recompensa há de receber minha benção consoladora. Acaso tem medo? Sentes na tua alma mlancolia e incerteza que, embora não justificada, não deixam de ser dolorosas? Lançça-te nos braços da minha amorosa providência. Estou contigo, a teu lado. Vejo tudo, ouço tudo e, em momento algum te desamparo!

Sente frieza da parte de pessoas que antes te queriam bem e que agora, esquecidas, se afastam de você apesar de não encontrar em você motivo algum para isso? Roga por elas, pois, se não forem obstáculo à tua santificação, Eu as trarei de volta a teu lado.

Não tem alguma alegria que possas partilhar Comigo?

Por que não Me deixa tomar parte nela com a frça de um bom amigo? Conta-Me o que desde ontem, deste a última visita, consolou e agradou teu coração. Talvez fossem surpresas agradáveis; talvez se tenham recebido boas notícias, uma demonstração de carinho; talvez tenha conseguido vencer alguma dificuldade ou sair de algum apuro... Tudo é obra Minha! Dize-Me simplesmente, como um filho ao pai: "Obrigado, meu Pai, obrigado!"

E não quer prometer-Me alguma coisa?

Bem sabe que Eu leio o que está no fundo do teu coração. É fácil enganar os homens, mas a Deus não pode enganar. Fala-Me, pois, com toda a sinceridade. Fizeste o propósito firme de, no futuro, não mais te expor àquela ocasião de pecado, de te privar do objeto que te seduz, de não mais ler o livro que exalta a tua imaginação, de não procurar a companhia das pessoas qe pertubam a paz da tua alma? Será novamente amável e condescendente para agradar àquela outra, a quem, por ter te ofendido, considera até hoje como inimiga? Ora, meu filho, volta agora às tuas ocupações habituais: ao teu trabalho, à tua família, aos teus estudos; mas não esqueça os 15 minutos desta agradável conversa que teve aqui, a sós Comigo, no silêncio do santuário. Pratica tanto quanto possível o silêncio, a modéstia, o recolhimento, a serenidade e a caridade para com o próximo. Ama e honra minha mãe que é também tua. E volta amanhã, com o coração mais amoroso, mais entregue a Mim. No meu Coração há de encontrar, em cada dia, um amor totalmente novo, novos benefícios e novas consolações. Vem, que Eu aqui te espero!"

Não perca a oportunidade de visitar Jesus Eucarístico, nosso grande e fiel Amigo. Ele não precisa de nós, mas nós precisamos e muito d'Ele!


Fonte:
Uma Visita ao Santíssimo Sacramento. Edições Loyola, São Paulo: 2000.

domingo, 21 de novembro de 2010

A CNBB não é um órgão intermediário entre a Santa Sé e o Bispo

por Padre Demetrio


Papa Bento XVI em visita ad limina Apostolorum

O então Cardeal Ratzinger já se pronunciou algumas vezes a respeito das Conferências Episcopais, afirmando que não consistem numa estrutura intermediária entre a Santa Sé e as Igrejas Particulares. Agora, com a autoridade de Pedro, afirma-o novamente aos Bispos do Brasil, reiterando a posição do Magistério sobre o papel destas Conferências:

[...] a Conferência Episcopal promove a união de esforços e de intenções dos Bispos, tornando-se um instrumento para que possam compartilhar as suas fatigas; deve, porém, evitar de colocar-se como uma realidade paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos, ou seja, não mudando a sua relação com a respectiva Igreja particular e com o Colégio Episcopal, nem constituindo um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro.

Entretanto, no fiel exercício da função doutrinal que vos corresponde, quando vos reunis nas vossas Assembléias, queridos Bispos, deveis sobretudo estudar os meios mais eficazes para fazer chegar oportunamente o magistério universal ao povo que vos foi confiado.

[...]

Ao mesmo tempo, é necessário lembrar que os assessores e as estruturas da Conferência Episcopal existem para o serviço aos Bispos, não para substituí-los. Trata-se, em definitiva, de buscar que a Conferência Episcopal, com seus organismos, funcione sempre mais como órgão propulsor da solicitude pastoral dos Bispos, cuja preocupação primária deve ser a salvação das almas, que é, aliás, a missão fundamental da Igreja.

[Discurso aos Bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB em visita ad limina Apostolorum]

 
Achei super oportuna esse pronunciamento do Papa na última semana, principalmente porque aqui no Brasil todos agem como se a CNBB fosse um poder legítimo de "ingerência" nas Igrejas Particulares. Muitos se submetem às "normas" sugeridas pela CNBB como se fossem normas da Santa Sé, quando na verdade cada Bispo é pastor do seu rebanho, devendo submeter-se tão somente à Santa Sé na figura do Pontífice.

Espero que os bispos deixem de se esconder atrás da CNBB como há anos fazem, e pastoreiem suas ovelhas fazendo valer dignamente suas nomeações.

PAX ET BONVM

sábado, 20 de novembro de 2010

Solenidade de Cristo Rei

“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos.” (Ap 5,12.1,6)


A Solenidade de Cristo Rei do Universo finaliza o ano litúrgico como síntese dos mistérios de Cristo comemorados no curso do ano; como o vértice em que resplandece com mais intensa luz a figura do Senhor e Salvador de todas as coisas.

A festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI para lutar contra o laicismo, ideologia segundo a qual a fé cristã não deveria influenciar nas decisões políticas. A Bíblia não é um manual de política, mas nela encontramos a Palavra de Deus que deveria reinar no coração dos políticos e dos eleitores. Se permitirmos que ele reine em nossos corações, Jesus nos receberá um dia, como ao Bom Ladrão, no seu reinado celeste.

Nas leituras da solenidade se fala sobre a majestade e o poder régio de Cristo.

Na primeira leitura (2 Samuel 5,1-3) vemos a promessa que Deus fez a Davi: "E o Senhor Deus lhe disse que você seria comandante e governador do povo dele."

Temos na segunda leitura, Segunda leitura (Colossenses 1,12-20) percebemos a infinita bondade de Deus, que nos torna co-herdeiros do Seu Reino pela cruz de Cristo, nosso Senhor e Rei.
Ele nos libertou do poder da escuridão e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado. É ele quem nos liberta, e é por meio dele que os nossos pecados são perdoados. Ele, o primeiro Filho, é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas. Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dele e para ele, Deus criou todo o Universo. 
Impressionante é que, no Evangelho de Lucas (23,35-43), assim como também em João, o tema da realeza de Cristo está constantemente ligado ao da Paixão. E que, na realidade, é a Cruz o trono régio de Cristo.
Na cruz, acima da sua cabeça, estavam escritas as seguintes palavras: "Este é o Rei dos Judeus". Um dos criminosos que estavam crucificados ali insultava Jesus, dizendo: - Você não é o Messias? Então salve a você mesmo e a nós também! Porém o outro o repreendeu, dizendo: - Você não teme a Deus? Você está debaixo da mesma condenação que ele recebeu. A nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das  coisas que fizemos; mas ele não fez nada de mau. Então disse: - Jesus, lembre de mim quando o senhor vier como Rei! Jesus respondeu: - Eu afirmo a você que isto é verdade: hoje você estará comigo no paraíso.
O reinado de Cristo é espiritual. Ele rejeitou toda a glória na Terra, deixando claro que Seu reino não era daqui... Da Cruz Jesus abre os braços para apertar a si todos os homens. Da Cruz Ele governa com seu amor! E para que reine sobre nós, temos de nos deixar atrair e vencer pelo Seu amor.

Jesus Cristo Rei do Universo
"Ó Jesus meu, quem pudera dar a entender a majestade com que vos mostrais e quão Senhor de todo este mundo, dos céus e de outros mil mundos e de inumeráveis mundos e céus que poderíeis criar! Claramente se vê, Jesus meu, o pouco poder de todos os demônios em comparação do vosso, Na verdade, quem vos tiver contentado plenamente pode calcar aos pés o inferno todo, Sim, quereis dar a entender quão grande é o poder de vossa sacratíssima Humanidade unida à divindade, Aqui se representa bem o que será no dia do juízo ver a majestade deste Rei e o rigor que mostrará aos maus. Aqui é a verdadeira humildade incutida na alma pela vista de sua miséria que não pode ignorar; aqui, a confusão e o verdadeiro arrependimento dos pecados, Vendo a alma que apesar de tantas infidelidades continuais a dar-lhe tantas mostras de amor, não sabe o que fazer, e assim fica aniquilada." (Sta. Teresa de Jesus - Vida 28, 8-9).

Sempre gosto das palavras de Dom Henrique, e sobre a Solenidade de hoje, para terminar o post, replico parte de sua reflexão:

(1) Ele é Rei não porque se distancia de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do homem”, solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e limitações; ele caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos dos nossos medos. Ele morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele reina pela solidariedade.

(2) Ele é Rei porque nos serviu: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo amor.

(3) Ele é Rei porque tudo foi criado pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade, ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. A televisão, os modismos, os sabichões de plantão podem dizer o que quiserem, ensinarem a verdade que lhes forem conveniente... mas, ao final, somente o que passar pelo teste de cruz do Senhor resistirá. O resto, é resto: não passa de palha. Ele reina pela verdade.

(4) Ele é Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”. Ele reina pela vida.

Sim, Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo!” Mas seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo dos reinos humanos – de direita ou de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele que entrou em Jerusalém como Rei, veio num burrico, símbolo de mansidão e serviço. Como coroa teve os espinhos; como cetro, uma cana; como manto, um farrapo escarlate; como trono, a cruz. Se quisermos compreender a realeza de Cristo, é necessário não esquecer isso! A marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a cruz!
(...)
Eis a grande lição da Festa deste hoje: o tempo, a história, o cosmo... tudo corre para Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Primeiro e o Último! É nele, no critério da sua cruz, que tudo será avaliado, tudo será julgado! Ao Reinado de Cristo, um Dia – no seu Dia - tudo estará plenamente submetido! Mas, nunca esqueçamos: aquele que é nosso Rei e Juiz é o nosso Salvador, o humilde Filho do Homem, que se manifestará revestido de glória porque morreu por nós: “Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Soberano dos reis da terra”. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Orações

Deus eterno e todo-poderoso, dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo, Fazei com que todas as criaturas, libertas da escravidão do pecado, e servindo à vossa Majestade, vos glorifiquem eternamente.

Sois Rei, Deus meu, por toda a eternidade; não é emprestado o Reino que tendes, Quando se diz no Credo: "Vosso Reino não terá fim", experimento, quase sempre, particular alegria, Dou-vos mil louvores, Senhor, e bendigo-vos para sempre; enfim, vosso Reino durará eternamente (Oração da Coleta - Caminho 22,1).


(...) Senhor, sede o Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei que eles tornem, quanto antes, à casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome.
Sede o Rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.
Sede o Rei de todos aqueles que estão sepultados nas trevas da idolatria e do islamismo, e não recuseis conduzi-los todos à luz e ao Reino de Deus... (S.S. Pio XI - Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus,  11 de dezembro de 1925)


 
Fontes:

Igreja x Camisinha: O que o papa realmente disse?

Os principais jornais do país destacaram as seguintes manchetes hoje:
"Papa diz que uso da camisinha pode ser justificável em alguns casos" Estadão
"Papa Bento 16 defende uso da camisinha em casos de prostituição" Folha de SP
"Pela primeira vez, Papa admite uso de camisinha" O Globo
"Papa diz que uso de camisinha pode ser aceitável" Jornal do Brasil
Um católico preguiçoso e comodista poderá até acreditar nesses jornais e se voltar contra o Pontífice... Os católicos relativistas poderão até parabenizar o Papa por essa notícia... Mas um verdadeiro católico, comprometido com o Evangelho e com a Igreja de Cristo, irá logo perceber que "algo cheira mal no reino da mídia mundial..."

Eu li a notícia no Estadão. E sinceramente, de primeira notei que a manchete não condiz com o que o Papa prega e com o que a Igreja sempre disse... Para mim, ficou claro o exagero proposital e fora do contexto, tendo unicamente o intuito de polemizar!

O jogo de palavras costuma ser eficaz para distorcer o sentido real do pensamento, ainda mais quando não se publica na íntegra o que de fato foi dito. Muita má fé dessa imprensa!

Segue o que o Papa realmente disse:


Bento XVI: É evidente que ela (Igreja) não a considera (utilização de preservativos) uma solução verdadeira e moral.

«[…] Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.

Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.

Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?

É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010


Fonte: Spe Deus