Posto aqui uma carta dirigida aos missionários do Regnum Christi sobre Pentecostes.
Muito estimados em Jesus Cristo:
Estamos hoje celebrando a solenidade de Pentecostes, pedindo a Deus que esta efusão do Espírito Santo nos encontre bem abertos e dispostos, para que Ele possa renovar nosso coração e nos encher com seus dons. O amor de Deus foi derramado em nós pelo Espírito, como nos diz a Escritura, e este amor é o motor e o que dá sentido a toda nossa vida.
Uma das protagonistas do evento de Pentecostes é, sem dúvida, a Nossa Senhora, com quem os apóstolos perseveraram unidos em oração, na espera do Espírito Santo. Acabamos de celebrar o mês de maio, especialmente dedicado a Ela. E agora gostaria de retomar algumas reflexões sobre a relação de Maria com o Espírito Santo.
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"Eu gostaria de convidá-los nesta solenidade para viver um especial espírito de oração e súplica, agarrados à mão de Maria." | ||
Maria, cheia de graça, deixou que o Espírito fizesse grandes obras nela e através dela. Sua vida foi um canto de louvor a Deus. Ela esteve reunida com os apóstolos no cenáculo enquanto oravam suplicando a vinda do Paráclito, do Consolador que Jesus lhes havia prometido, aquele que os ia conduzir à verdade plena, que lhes ia explicar tantas coisas que Jesus não pôde dizer-lhes porque não podiam carregar o peso. Maria experimentou em si mesma a fecundidade e o poder do Espírito que havia coberto-a com sua sombra. Por isso esteve presente em Pentecostes e está sempre presente na Igreja que pede e suplica: “Vem Espírito Santo!”.
Eu gostaria de convidá-los nesta solenidade para viver um especial espírito de oração e súplica, agarrados à mão de Maria. Peçamos com insistência a Deus que infunda os dons do seu Espírito em cada um de nós, e em toda a Legião de Cristo e Movimento Regnum Christi. Nestes momentos tão particulares da nossa história, precisamos que o Espírito Santo nos leve a Jesus, que a Legião seja cada vez mais de Cristo; que o Movimento seja sempre de Cristo, só d’Ele. Agora que terminou a Visita Apostólica à vida consagrada e as comunidades de legionários estão imersos no processo de reflexão das Constituições, Deus pede que nos abramos ao seu plano, para que a Legião e o Regnum Christi sejam o que Deus quer. Como vai ficar tudo depois deste processo? Ninguém de nós tem a resposta, mas sabemos que Cristo Ressuscitado faz novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5) e que em tudo Deus intervém para o bem dos que o amam (cf. Rm 8, 28).
Este processo exige de todos e de cada um de nós um grande desprendimento pessoal. É preciso aceitar que não temos todas as respostas, mas “o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza” (Rm 8, 26). Os dons do Espírito são tão maravilhosos que só um coração vazio de si mesmo pode recebê-los. Não se trata de pedir ao Espírito Santo que siga nossas ideias pessoais, e sim deixarmo-nos guiar por Ele para encontrar sua vontade. “Não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8, 26). Escrevia-nos o Delegado Pontifício, “em vez de criar contraposições para fazer triunfar a própria visão, é preciso que cada um olhe também aos outros e esteja aberto e disponível à avaliação dos outros. Da avaliação e contribuições de todos, estamos chamados a um discernimento que nos
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"Uma alma aberta ao Espírito Santo é uma alma que vive imersa nas virtudes teologais." | ||
Uma alma aberta ao Espírito Santo é uma alma que vive imersa nas virtudes teologais. A fé nos ensina a descobrir Deus em todos os acontecimentos, também nas contrariedades ou nos próprios limites; a esperança sobrenatural nos tira os medos e desânimos que às vezes nos paralisam e nos da a segurança inquebrantável no triunfo que vem de Deus; a caridade que o Espírito derrama em nossos corações nos enche de amor filial e nos dá as forças para perseguir o ideal, sem importar o cansaço ou as dificuldades. O que mais precisamos como Legião e como Movimento é viver estas virtudes em profundidade. Mas isto não é algo que possamos adquirir com nossa própria vontade, com o simples propósito que nos colocamos. É um dom que Deus nos quer dar se deixamos que o Espírito Santo encha nossos corações e acenda neles o fogo do seu amor.
Precisamos do dom de temor de Deus para que nosso único medo seja não responder ao chamado que Deus nos faz à santidade; o dom de fortaleza para perseverar na luta e combater o bom combate como são Paulo, “tudo posso naquele que me dá força”; precisamos do dom de piedade para ter absoluta confiança em Deus Pai que nos faz ser filhos seus e irmãos, membros de um mesmo corpo; precisamos do dom de conselho para não agir conforme a prudência humana, e sim proceder com santa audácia e nos deixar surpreender pelo Espírito; o dom de ciência para descobrir a mão de Deus na nossa história e o dom de entendimento para nos vermos como Deus nos vê, nos conhecer como Ele nos conhece.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a crescer cada dia no discernimento para não permitir que ninguém nos arrebate a paz e a alegria interior, que nenhuma situação nos leve ao desânimo, ao temor ou à desconfiança. Conhecemos já quais são os frutos do Espírito que tanto precisamos: “amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si” (Ga 5, 22). Os pensamentos e sentimentos que se opõe a estes frutos, não vêem do Espírito Santo.
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"A Eucaristia –escrevia o Papa Bento– é um 'Pentecostes perpétuo'." | ||
Precisamos que o Espírito Santo nos renove interiormente, como os Apóstolos, para evangelizar sem medo e para que nada nos possa deter nem dividir. Bento XVI ensinava os jovens que “a fecundidade apostólica e missionária não é o resultado principalmente de programas e métodos pastorais sabiamente elaborados e eficientes, mas o fruto da oração comunitária incessante. A eficácia da missão pressupõe, inclusive, que as comunidades estejam unidas, que tenham ‘um só coração e uma só alma’ (cf. At 4, 32)” (Bento XVI, Mensagens aos jovens, Sydney 2008). Eu acho que para dar mais frutos apostólicos Deus nos está pedindo mais oração e mais caridade. Em algumas comunidades e obras de apostolado se organizaram, de modo espontâneo, tempos especiais de adoração ao Santíssimo Sacramento. A Eucaristia –escrevia o Papa Bento– é um “Pentecostes perpétuo”. Aí descobrimos que “aonde não chegam nossas forças, o Espírito Santo nos transforma, nos enche com sua força e nos faz testemunhos plenos do ardor missionário de Cristo ressuscitado” (ibid).
Eu os convido a pedir a graça de que o fogo do Espírito nos renova por dentro e a fazer um exame de consciência sobre nossa abertura e docilidade ao Espírito Santo. Procuramos a graça de abrir mais e mais nosso coração para recebê-lo e para que Ele viva em nós, para que aceitamos interiormente a sua vontade por cima da nossa, deixando de lado o desejo de controlar e dirigir os acontecimentos da nossa própria vida, e permitindo a Deus que tome o controle dela. Junto com esta carta estou enviando-lhes uns textos que talvez possam servir para a sua reflexão pessoal e meditação nestes dias.
Maria, unida em oração aos Apóstolos no Cenáculo, nos acompanhe sempre e obtenha para todos os legionários e membros consagrados do Regnum Christia graça de um novo e contínuo Pentecostes em nossas vidas.
Seu irmão afetuoso em Jesus Cristo,
Álvaro Corcuera, L.C.
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