quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

São Sebastião mártir


A reprodução do martírio de São Sebastião, amarrado a uma árvore e atravessado por flechas é uma imagem milhares de vezes retratada em quadros, pinturas e esculturas, por artistas de todos os tempos. Entretanto, nem todos sabem que o destemido Santo não morreu daquela maneira. O suplício das flechas não lhe tirou a vida, resguardada pela fé em Cristo. Vejamos como tudo aconteceu.

Sebastião nasceu em Narbônia, na Gália, atual França, mas foi criado por sua mãe em Milão, na Itália, de acordo com os registros de Santo Ambrósio. Pertencente a uma família cristã, foi batizado ainda pequenino. Mais tarde, tomou a decisão de engajar-se nas fileiras romanas e chegou a ser considerado um dos oficiais prediletos do imperador Diocleciano. Contudo, nunca deixou de ser um cristão convicto e protetor ativo dos cristãos.

Ele fazia tudo para ajudar os irmãos na fé, procurando revelar o Deus verdadeiro aos soldados e aos prisioneiros. Secretamente, Sebastião conseguiu converter muitos pagãos ao cristianismo. Até mesmo o governador de Roma, Cromácio, e seu filho Tibúrcio foram convertidos por ele.

Sempre que pôde, salvou cristãos da tortura e da morte; e, quando incapaz de fazê-lo, exortou-os a morrer por Cristo Deus Vivo sem voltar atrás. Dois irmãos, Marcos e Marcelino, que haviam sido presos por Cristo e já estavam a um passo de repudiá-lo e adorarem os ídolos, foram confirmados na Fé por Sebastião, que os revigorou para o martírio. Enquanto falava com eles, encorajando-os a não temer a morte por Cristo, sua face se iluminou. Todos viram seu rosto radiante como o de um anjo de Deus.

Sebastião também confirmou suas palavras com milagres: curou Zoé, mulher do carcereiro Nicóstrato, que era muda havia seis anos; levou ela, Nicóstrato e sua família inteira ao batismo; curou os dois filhos doentes de Cláudio, o comandante, e trouxe ele e sua família ao batismo; curou Tranquilino, pai de Marcos e Marcelino, de gota e dores nas pernas que o atormentavam havia onze anos, e levou-o ao batismo com toda a sua casa; curou o Eparca romano Cromácio da mesma doença e trouxe ele e seu filho Tibúrcio ao batismo. O primeiro deles a sofrer foi Santa Zoé, capturada junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, onde orava a Deus. Depois de a torturarem, lançaram-na no Rio Tibre. Em seguida prenderam Tibúrcio, e o juiz pôs carvões em brasa diante dele, dizendo-lhe que escolhesse entre a vida e a morte, isto é, atirar incenso sobre os carvões e incensar os ídolos ou permanecer descalço sobre os carvões quentes. São Tibúrcio fez o sinal da Cruz, pisou descalço sobre os carvões incandescentes e permaneceu ileso. Depois disso, foi degolado. Nicóstrato foi morto com uma estaca, Tranquilino foi afogado, e Marcos e Marcelino foram torturados e trespassados por lanças.

Por estar contrariando o seu dever de oficial da lei, teve então, que comparecer ante ao imperador para dar satisfações sobre o seu procedimento. Sebastião foi levado perante o sanguinário Imperador Diocleciano que lhe dispensara admiração e confiara nele, esperando vê-lo em destacada posição no seu exército, numa brilhante carreira e por isso considerou-se traído. Sebastião não negou sua fé. O imperador lhe deu ainda uma chance para que escolhesse entre sua fé em Cristo e o seu posto no exército romano. Ele não titubeou, ficou mesmo com Cristo. A sentença foi imediata: deveria ser amarrado a uma árvore e executado a flechadas.

Após a ordem ser executada, Sebastião foi dado como morto e ali mesmo abandonado, pela mesma guarda pretoriana que antes chefiara. Entretanto, quando uma senhora cristã foi até o local à noite, pretendendo dar-lhe um túmulo digno e o encontrou vivo! Levou-o para casa e tratou de suas feridas até vê-lo curado.

Depois, cumprindo o que lhe vinha da alma, ele mesmo se apresentou àquele imperador anunciando o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo e censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusando-o de inimigo do Estado. Perplexo e irado com tamanha ousadia, o sanguinário Diocleciano o entregou à guarda pretoriana após condena-lo, desta vez, ao martírio no Circo. Sebastião foi executado então com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte, no dia 20 de janeiro de 288.

Os algozes cumpriram a ordem e, para evitar a sua veneração, foi jogado numa fossa, de onde a piedosa cristã Santa Luciana o tirou, para sepulta-lo junto de São Pedro e São Paulo. Posteriormente, em 680, as relíquias foram transportadas solenemente para a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, construída pelo imperador Constantino. Naquela ocasião em Roma a peste vitimava muita gente, mas a terrível epidemia desapareceu na hora daquela transladação. Em outras ocasiões foi constatado o mesmo fato; em 1575 em Milão, e em 1599 em Lisboa, ambas ficando livres da peste pela intercessão do glorioso mártir São Sebastião.

No Brasil, diz a tradição, que no dia da festa do padroeiro, em 1565, ocorreu a batalha final que expulsou os franceses que ocupavam a cidade do Rio de Janeiro, quando São Sebastião foi visto de espada na mão entre os portugueses, mamelucos e índios, lutando contra os invasores franceses calvinistas.

Ele é o protetor da Humanidade, contra a fome, a peste e a guerra e do cartão postal do Brasil, a "cidade maravilhosa" de São Sebastião do Rio de Janeiro.


 Hino de Louvor

O santo Sebastião foi coberto de flechas –
Com um saco de flechas seu corpo foi vestido.
Mas por baixo das flechas, sua alma estava intacta;
Seu coração se elevava até os céus em oração.

Sebastião suportou sofrimento pelo Cristo.
Que são reinos poderosos, que são grandes riquezas,
Comparados a essa honra, comparados a essa iluminação –
Ser cravejado de flechas por amor ao Deus Vivo?

O maravilhoso Sebastião desejou isso:
Ser crucificado pelo Salvador crucificado,
Confirmar a verdade pelo sofrimento e pelo sangue,
Testemunhar a Fé perante o céu e a terra.

O Senhor Onividente, que vê toda a criação,
Mediu e contou cada gota de sangue,
E recompensou Sebastião no Reino Eterno,
Banhando-o de bênçãos sem medida.

Ó Mártir gloriosíssimo, que sofreste pelo Cristo,
E por meio de teu sofrimento ampliaste a Igreja:
Ora a Deus pela Igreja na terra,
Para que ela se torne cada vez mais bela e ainda maior.


Fontes:

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